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Cidadania e Temas Transversais na Escola (página 4)


3.4 ORIENTAÇÃO SEXUAL


A discussão do tema orientação sexual esbarra na questão do receio dos pais e educadores em falar sobre o assunto, surgem dúvidas sobre como falar, qual a idade ideal para tratar do tema, o que deve ser dito e se devem reforçar os mitos.

Na década de 80 a preocupação com o crescimento de número de gravidez entre adolescentes e o risco de transmissão por relação sexual do vírus da Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida),o HIV fez aumentar a inclusão de trabalhos pedagógicos voltados para a orientação sexual nas escolas brasileiras.

Todos os temas relacionados ao sexo são considerados por pais e educadores difíceis de ser abordados e portanto por causa da  dificuldade de falar sobre o assunto com os filhos, os pais delegam à escola essa função.

Por outro lado a abordagem desses trabalhos ainda hoje esbarra no preconceito de alguns pais, que acreditam que a inserção do tema sexual na escola pode ser vista como estímulo para os jovens praticarem relações sexuais.

A criança recebe informações sobre sexo de amigos mais velhos, dos meios de comunicação e de seu convívio social e traz para a escola essas informações que nem sempre são interpretadas corretamente por eles.

Os PCNs apresentam o tema orientação sexual em uma divisão de blocos de conteúdos: "Corpo, matriz da sexualidade, relações de gênero e prevenção às doenças sexualmente transmissíveis/Aids", ressaltando a importância da flexibilidade na abordagem dos conteúdos.

Segundo os PCNs:
A vivência da sexualidade em cada indivíduo inclui fatores oriundos de ordens distintas: aprendizado, descoberta e invenção. Um bom trabalho de Orientação Sexual deve se nortear pelas questões que pertencem à ordem do que pode ser apreendido socialmente, preservando assim a vivência singular das infinitas possibilidades da sexualidade humana, e pelas pertinentes à ordem do que pode ser prazerosamente aprendido, descoberto e/ou inventado no espaço da privacidade de cada um  (Brasil, 1997)
É preciso que a escola reconheça a legitimidade das manifestações sexuais de acordo com a fase vivida pelo aluno e selecionar as questões relacionadas ao tema de acordo com a  faixa etária do aluno, seu interesse e suas possibilidades de aprendizagem e promova uma aprendizagem significativa sobre os temas que abordar para desmistificar sem deixar dúvidas e conceitos distorcidos.

3.5 PLURALIDADE CULTURAL

Quando abordamos o tema pluralidade cultural, inevitavelmente o eixo acerca do qual a discussão geralmente é baseada é o preconceito racial, tendo em vista que no Brasil as
demais diferenças sociais são, aparentemente, mais toleradas.
 
A pluralidade cultural evidente no Brasil é produto de um processo histórico que levou à construção de um país inegavelmente miscigenado, porém a miscigenação provocou relações de desigualdade em nossa sociedade.

A contribuição dada por cada grupo cultural que povoou o Brasil ao longo de sua história deve ser ressaltada na escola que, por sua vez, deve ser um ambiente de inclusão em que atitudes discriminatórias devem ser repelidas.
   
A realidade social brasileira em sua maioria é plural, composta por diferentes grupos étnicos, religiosos e ideológicos e essa realidade está presente nas escolas brasileiras.
O direito à liberdade de crença religiosa também está prevista na Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo 5° inciso VI: "É inviolável o direito a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias."

De acordo com os PCNs:

O reconhecimento da complexidade que envolve a problemática social, cultural e étnica é o primeiro passo. Tal reconhecimento aponta a necessidade de a escola instrumentalizar-se para fornecer informações mais precisas para questões que vêm sendo indevidamente respondidas pelo senso comum, quando não ignoradas por um silencioso  constrangimento (Brasil, 1997)

A escola é um espaço inclusivo e tem uma função social de caráter primordial para a formação dos indivíduos, portanto deve ser o último lugar a se verificar práticas preconceituosas, ainda que fora da escola os alunos se deparem com uma realidade em que percebam práticas preconceituosas, discriminatórias e exclusivas, é indispensável que essas práticas sejam banidas do espaço escolar.

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Como referenciar: "Cidadania e Temas Transversais na Escola" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/05/2024 às 17:08. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/temas_transversais/index.php?pagina=3