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A Prática da Escrita e da Leitura nas Séries Iniciais (página 3)

É comum, nas séries iniciais, a criança lidar com a leitura por meio da oralidade, e isso tem dado bons resultados, porque os textos lidos - geralmente crônicas, fatos jornalísticos, contos de fadas - possuem uma certa facilidade  para serem memorizados.   

A criança aprende por meio da repetição, seguindo um modelo pré-estabelecido. A aprendizagem torna-se, portanto, um processo mecânico, repetitivo, não levando em conta o contexto sócio-histórico e nem o desenvolvimento psicológico da criança. Exige-se dela adaptação ao método e não o método a ela. A compreensão é negada a partir dos exercícios de interpretação de textos, que não permitem que a criança seja sujeito de sua leitura.
  
Antes de se tornar alfabetizada, a criança já consegue (re)construir histórias. Assim, pode-se, desde a mais tenra idade envolver a criança no mundo da leitura, e a sala de aula é o local mais apropriado para o desempenho dessa atividade. Vale salientar que até mesmo no intervalo da aula, nos momentos recreativos, a leitura é oportuna. Já ouvi um relato de uma professora afirmando que ler no intervalo da aula é muito mais proveitoso que na aula propriamente dita. Pois a criançada está à vontade, sem intervenções de alguns deslizes que possam acontecer, e que causariam algum tipo de constrangimento com relação à prática da leitura. Porém, ainda assim é bom lembrarmos que cabe ao professor sempre procurar dar orientações, discretamente, aos seus alunos, sendo o resultado facilmente, percebido: positivo.
  
Na maioria das vezes a leitura ganha um toque de seriedade. Os personagens, na visão das crianças, não são apenas divertidos, engraçados, eles possuem sensibilidade, as emoções aparecem espontaneamente , como se fizessem parte da condição humana. Vamos encontrar no PCNs (1997) a seguinte opinião:

Para aprender a ler, portanto, é preciso lidar com a diversidade de texto, e os leitores para participarem de atos de leitura de fatos, precisam negociar o conhecimento que já têm e o que é apresentado pelo texto, o que está atrás e diante dos olhos, recebendo incentivo e ajuda " (PCNs, 1997, p.54).

De acordo com essa visão, pode-se afirmar que a prática envolve a integração com a obra e que possibilita aos alunos espelharem-se nos autores, dando a oportunidade de um hábito constante de leitura, tendo-se como requisito a valorização das hipóteses levantadas dos mesmos, motivando-os a uma leitura mais organizada. O domínio da leitura está na capacidade de o sujeito colocar em ação todos componentes necessários para a demanda da língua numa sociedade letrada. Não basta apenas dominar a técnica do ler e escrever, precisa desenvolver a competência. Ser usuário de uma língua é saber fazer uso dos diferentes materiais escritos, orientar-se e informar-se, saber falar, ler e escrever textos nas mais variadas situações sociais do mundo letrado. A apropriação do sistema da escrita é um processo complexo, que envolve tanto o domínio do sistema alfabético-ortográfico quanto a compreensão e o uso efetivo e autônomo da língua escrita nas práticas sociais do contexto em que são requeridas.
   
Sendo assim, o bom leitor é aquele que não apenas compreende o que lê, como também consegue identificar elementos subentendidos, podendo relacioná-los com o outro texto, ou seja, criar uma situação de intertextualidade. Essa capacidade requer uma habilidade que favoreça uma visão capaz de relacionar uma situação de um texto para outro texto. 
  
As crianças aprendem a ler participando de atividades de uso da escrita junto com pessoas que dominam esse conhecimento. Aprendem quando acham que podem fazer isso. É difícil uma criança aprender a ler quando se espera dela o fracasso. É difícil também a criança aprender a ler se ela não achar finalidade na leitura. E quando se trata da escrita, ao se produzir um texto, deve-se, em princípio, procurar viabilizar sua leitura, no sentido de torná-la fácil sua compreensão. Esse é o primeiro passo para que o aluno se identifique com a elaboração de uma escrita de fácil assimilação e, evidentemente, com uma abordagem significativa em que possa destacar seu conteúdo e sua originalidade, dentro do universo do conhecimento do aluno.

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Como referenciar: "A Prática da Escrita e da Leitura nas Séries Iniciais" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 17/05/2024 às 16:13. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/pratica_da_escrita_e_da_leitura/index.php?pagina=2