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Gestão do Conhecimento: da Informação à Geração de Valor (página 3)

Exemplos práticos podem demonstrar o caminho percorrido desde a informação até o saber. Só atingirão o saber, as empresas que valorizarem a gestão do conhecimento e entenderem, que durante este percurso, habilidades e atitudes também devem ser desenvolvidas.

A holandesa de eletroeletrônicos Royal Philips Electronics, tem a seguinte informação em mãos: as áreas mais promissoras num futuro próximo serão os cuidados com saúde e bem estar e o monitoramento de idosos que vivem sozinhos.

Então, através de pessoas com conhecimentos nestas áreas, a Philips investiu em um laboratório futurista, onde transforma todo seu conhecimento em saber, criando produtos como o In Shape, que funciona como uma academia em um painel eletrônico, ou o In Form, um sistema de monitoramento da forma física.

A Philips está transformando as informações em conhecimento e este em saber, o que trará uma vantagem competitiva para a empresa.

Outro exemplo que pode ilustrar a transformação da informação em saber.

Suponha que uma organização está apresentando alta taxa de rotatividade dos funcionários, demonstrada pelos altos índices de contratações e demissões. Esta taxa é uma informação, se não for pensada, investigada, nada mudará em relação à realidade exposta. Um grupo começa então a estudar o por quê desta alta taxa, realiza algumas pesquisas e descobre os fatores que estão envolvidos neste problema: salários a baixo da média do mercado, desmotivação dos funcionários, clima organizacional ruim, etc.

É gerado assim, o conhecimento sobre o assunto. O que fazer? Aumentar os salários, mudar a cultura organizacional, investir na gestão de pessoas, etc. Quando as possíveis soluções forem pensadas e colocadas em práticas, gerou se o saber.

A educação corporativa precisa dar conta de gerenciar este processo de maneira eficaz e eficiente, desenvolvendo juntamente com o conhecimento, habilidades e atitudes.

Cada vez mais as empresas são cobradas a agir eticamente, englobando as dimensões sociais e ambientais. Agir eticamente significa respeitar seus colaboradores, seus clientes, participar ativamente da busca por uma sociedade mais justa e solidária, proteger o meio ambiente, enfim, são os aspectos ligados ao comportamento organizacional que vem se consolidando como um diferencial para aqueles que pretendem se destacar.

Estas novas características que destacam as empresas não são um modismo, mas sim uma tendência relacionada à sobrevivência humana neste planeta. Estas características só serão atingidas por aqueles que capacitarem a sua força de trabalho através de uma educação abrangente, formando o ser humano por completo. Deverão ser formadas pessoas com capacidades de exigir, pensar, decidir e executar simultaneamente, lidando com tarefas integrais e complexas.

De acordo com Meister (1999), as novas competências exigidas pelos empregadores nos ambientes empresariais são:

- Aprender a aprender;
- Comunicação e colaboração;
- Raciocínio criativo e resolução de problemas;
- Conhecimento tecnológico;
- Conhecimento de negócios globais;
- Desenvolvimento de liderança;
- Autogerenciamento da carreira.

Na antiga economia, a mão de obra era considerada um custo no balanço patrimonial, agora, ela é um ativo.

Anualmente, a revista Fortune, em parceria com o Hay Group, realiza uma pesquisa para saber quais são as empresas mais admiradas do planeta, esta é uma lista importante no mundo dos negócios, e os critérios utilizados são os seguintes:

- Qualidade na administração;
- Qualidade dos produtos/serviços oferecidos;
- Capacidade de inovar;
- Valor como investimento de longo prazo. Sensatez na posição financeira;
- Habilidade de atrair, reter e desenvolver pessoas talentosas;
- Responsabilidade com a comunidade e/ou ambiente;
- Utilização inteligente dos bens corporativos;
- Eficácia ao realizar seus negócios em nível global.

Os primeiros colocados desta lista sabem a diferença entre maximizar o preço e o valor de suas ações. O primeiro trará somente ganhos em curto prazo, enquanto o segundo trará solidez e estabilidade a longo prazo.

Investir em educação é garantir o futuro e estimular o otimismo, desafiar a criatividade e o espírito empreendedor de cada colaborador.

Um caso de sucesso do investimento em educação é a Disney University, criada com a intenção de desenvolver em cada funcionário a habilidade de acreditar naquilo que faz, além de treinamentos específicos de acordo com a área em que atua.

Outro bom exemplo de valorização do saber é de Jim Collins, considerado o sucessor de Peter Drucker, o maior teórico dos negócios em todos os tempos. No escritório de Collins, são apenas cinco funcionários além de alguns universitários que o ajudam em suas pesquisas. "Faço questão de ter uma estrutura pequena, não quero ter de passar mais tempo administrando um escritório do que fazendo pesquisa", relatou em entrevista à revista Exame. Justamente esta dedicação à pesquisa o levou ao patamar de celebridade do mundo dos negócios.

Collins, em seu livro "Empresas feitas para vencer", incluído pela Business Week entre os dez melhores livros de negócios de 2001, ressalta que os vencedores não são aqueles que conseguem prever o futuro, mas são os melhores em se preparar para o que der e vier, envolvendo toda a cadeia de valor.

Envolver toda empresa na busca por inovações é essencial para obter ganhos financeiros e alcançar uma vantagem competitiva sustentável. Prova disso é a mineradora Anglo American, que desde 2007 recebe aproximadamente 90 ideias por mês num site em que todos os funcionários no Brasil tem acesso. Em 20 meses, as propostas trouxeram uma economia de 215 milhões de dólares. A companhia criou um concurso anual que premia os vencedores com viagens.

Este tipo de ação só se torna viável se a equipe estiver afinada e treinada de acordo com as estratégias empresariais.

Como diz a frase de Sêneca, um dos mais célebres escritores e intelectuais do Império Romano: "Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir".

Formada em Pedagogia pela Universidade de São Paulo, seis anos de experiência na área educacional, atualmente cursando MBA em Gestão Estratégica de Recursos Humanos na Universidade Católica de Santos.

Referências

Meister, Jeanne C. Educação Corporativa: A Gestão do Capital Intelectual Através das Universidades Corporativas. São Paulo: Pearson Makron Books, 1999.

Pinto, Geraldo Augusto. A Organização do Trabalho no Século XX: Taylorismo, Fordismo e Toyotismo. São Paulo: Expressão Popular, 2007.

Stair, Ralph; Reynold, George W. Sistemas de Informação nas Organizações.In: Princípios de Sistemas de Informação: Uma Nova Abordagem Gerencial. 4 ed. Rio de Janeiro: LCT, 2002.

Eboli, Marisa. Educação Corporativa no Brasil: Mitos e Verdades. Gente, 2004.

Collins, J. Empresas Feitas para Vencer. Rio de Janeiro: Campus, 2001

Revista Exame. Edição 946. Ano 43 N. 12, 01/07/2009. Gestão Para Novos Tempos.

www.haygroup.com.br. Acesso em 03/07/2009.

 

 

 

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Como referenciar: "Gestão do Conhecimento: da Informação à Geração de Valor" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 04/05/2024 às 08:49. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/gestaodoconhecimento/index.php?pagina=2