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As Inquietações da Educadora no Contexto Social (página 4)


A BUSCA DA VALORAÇÃO DA MÃO DE OBRA FEMININA


Ao longo dos séculos XIX e XX a mão de obra feminina cresceu significativamente. No caso do Brasil, a razão de sexo nome dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ao Indicador Demográfico que apresenta a quantidade de mulheres no mercado de trabalho em relação a de homens tem crescido a cada senso, esta é uma convergência demográfica no Brasil, já que a população de mulheres é maior que a de homens no país. Mulheres, de acordo com a última Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, têm sua participação no mercado de trabalho reunida em quatros grandes grupos ocupacionais. São elas: serviços em geral, trabalho agrícola, serviços administrativos e comércio. As mulheres ainda ocupam, em sua maioria, áreas de trabalho que não pedem alta qualificação ou nenhuma qualificação; as áreas citadas correspondem a 70% da mão de obra feminina. Outro dado relevante, segundo o OIT (Organização Internacional do Trabalho), é que o desemprego alcança mais as mulheres que os homens. Elas permanecem sendo menos valorizadas por salários que eles, pois sua remuneração equivale a cerca de 60% do salário dos homens. Por outro lado, as mulheres buscam cada vez mais qualificação para o mercado de trabalho, já que elas são maioria nas universidades públicas e particulares do país. Conforme o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), elas se desenvolvem mais do que os homens, que têm maiores índices de abandono de cursos. Mesmo assim, ainda há diferenças no mercado de trabalho entre gêneros.

Na década de 60, o movimento feminista foi além em seus movimentos, não se restringindo aos aspectos políticos e sociais. Como implicação desse desvio, aconteceu uma experiência de desvincular as questões concernentes à atitude de subalterna da mulher na sociedade da ideia de sexo. A sociedade expressa que a mulher tinha uma inclinação natural à realização de certas tarefas, como cuidar da casa, a criação dos filhos, o cuidado e o cultivo de uma maior sensibilidade do que o sexo masculino. Essas diferenças se devem ao aspecto cultural de nossa sociedade, mulheres sempre foram percebidas pelos homens como seres inferiores que apresentavam a função de conservar a casa em ordem e educar os filhos sendo o homem o único provedor das necessidades da família. O homem não entende que a luta da mulher não é contra os homens, nem contra a responsabilidade de educar seus filhos, mas sim contra o sistema que   está aí.   Ela sente necessidade de buscar sua identidade e autonomia cultivada para alcançar a sua realização no lar e profissionalmente.

A escola muitas vezes é um espaço normatizador da era moderna. Os educadores não se dão conta de como é silenciosa, sutil e repetidamente reforçada as masculinidades e as feminilidades estabelecidas e lapidadas diariamente: com sinais, falas, orientações, olhares, jogos, brincadeiras, ocupações de espaços, comportamentos e avaliações. Essas atividades e suas limitações normativas fundamentadas no gênero são facilmente notadas, assim como a existências de lugares e territórios demarcados para ocupação masculina e feminina determinados nos conceitos preestabelecidos e de analogias de poder.



A REDIMENSÃO DO SER FEMININO

Houve dificuldade para recrutamento de professoras para o início do trabalho da escola normalista em nosso país, uma vez que eram necessárias mulheres nessa tarefa. O fato foi agravado ainda mais pela ausência de uma proposta pedagógica que auxiliasse a sua organização. As escolas Normais passaram a funcionar de forma problemática, mas essa foi a solução encontrada para formar uma nova mão de obra. As primeiras normalistas não eram bem vistas, já que as primeiras escolas atendiam as classes menos privilegiadas, que naquela época não via a educação escolar como meio de promoção social.

Com a industrialização começa o parcelamento do trabalho pedagógico. Nesse momento, a educadora que trabalhava até então com alunos de primeira a quarta série do ensino primário, passa a desenvolver um trabalho nas classes seriadas.  Os homens ocupavam os cargos mais elevados dentro do sistema educacional, por exemplo, como diretor, secretário, coordenador, inspetor.

Com a Lei Orgânica do Ensino Normal foi sancionado o direito obtido pela normalista para ingressar nos cursos superiores, já estava consolidada a convergência que levaria a mulher a optar por cursos voltados para o Magistério.

O princípio da mulher no mundo do trabalho, até pouco tempo atrás dominado pelos homens, redimensionou a acepção do ser feminino. Do lugar de sexo frágil, a mulher mudou para outro, em que a fragilidade é parte da força feminina que se anuncia de muitas formas, desde o treinamento das diferentes ocupações que a toma nas duplas ou triplas jornadas de trabalho à competência de governo mostrada nas múltiplas funções político-administrativas que hoje é ocupada por ela. Esse redimensionamento, cujo princípio histórico pode ser reconhecido nos anos 1930 com a ascensão do movimento feminista concebido, entre outras demonstrações, pela "guerra dos sexos", ainda permanece em processo de avanço. Podemos reconhecê-lo na inovação da ordem familiar em que a educação dos filhos e os cuidados com a casa já não são tarefas só para a mulher, bem como, na aberta concorrência por postos de trabalho em implicação da maior qualificação delas. A mulher tem um grau de escolaridade mais alto que o dos homens e na contemporaneidade pouco a pouco elas estão conseguindo melhorar sua remuneração; isso tem contribuído para amenizar a diferença entre os salários de homem e mulher que exercem, por exemplo, a mesma colocação.

O grau de instrução das mulheres no Brasil ultrapassou o grau de instrução dos homens, mas as diferenças salariais ainda prosseguem.  Apesar da lei existente no país (Artigo 7º do capítulo II, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), ainda hoje a mulher sofre a discriminação do sexo, pois a exploração no mercado de trabalho é indiscutível, a maioria dos homens encontra melhores chances de trabalho, e quando dividem tarefas, os homens têm remuneração maior do que elas. Essa é uma afronta pública que poderá se desfazer se homens e mulheres procurarem o respeito e a igualdade de condições de trabalho e de remunerações, conforme suas capacidades e não gênero.

Como sabemos a história aponta que nos distintos períodos e espaços há predomínio e a opressão social e econômica não é apenas um tema de classe, mas de etnia e de gênero. A mulher hoje compreende que está sobrecarregada e exigida, mas não abre mão da sua carreira, da criação dos filhos, do amor e da busca pela beleza. É inabalável e resiste com capacidade para derrotar todos os problemas que se lhe apresentam no dia a dia. É questionadora e se pergunta sobre as dificuldades que lhe são impostas e tenta resolver questões diariamente, tal como importância acerca da mulher mãe e trabalhadora. Procura cada vez mais administrar melhor suas tarefas e suas emoções.

A mulher vai se apropriando de seu espaço com o avanço da sociedade e das batalhas pelos direitos femininos. Mas o homem se sente desconfortável com as inovações. Segundo a ministra Nilcéia Freire da Secretaria Especial de Polícia para Mulheres, as diferenças no mercado de trabalho, com o fato de que quanto maior a escolaridade da mulher maior a diferença salarial entre elas e os homens, só pode ter uma explicação: discriminação e preconceito, pois de acordo com ela, temos uma cultura machista.

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Como referenciar: "As Inquietações da Educadora no Contexto Social" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 17/05/2024 às 12:55. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/as_inquietacoes_da_educadora/index.php?pagina=3