Você está em Artigos

As Inquietações da Educadora no Contexto Social (página 3)


O EMPENHO DA MULHER PELA IGUALDADE DE DIREITOS ENTRE SEXOS


Só no fim da Idade Média é que a escola passou a ser a instituição responsável pela educação das novas gerações ante a necessidade de garantir a ética e os bons costumes considerados em conflito pelo avanço social da sociedade daquela época. Era necessária, para os moldes da época, a garantia de que o educando pudesse deixar de viver o mundo dos adultos e passasse a viver a escola e a família como meio organizado para educar os filhos de acordo com as expectativas dos pais com uma educação voltada para as áreas de aritmética, mas a mulher, ser inferior, não estava incluída nesse processo.

Em 1806, funda-se a Escola Normal Paulista, porém a mulher não teve acesso. A história por detrás da educação no nosso país desperta-nos para o problema que aí se encontra e a relação que nos propõem.  (SAFFIOTI, 1976) estuda a forma como as meninas eram instruídas no Brasil e, fica evidente que as mulheres deviam conhecer de costura, bordado, prendas domésticas, a moral e os bons costumes, ou seja, eram preparadas para o casamento, elas deviam ser mães e esposas perfeitas.  A maioria das mulheres era educada no convento, uma vez que não possuíamos no Brasil escolas para elas até 1811.

Segundo (ARANHA, 2000, p. 95) a situação da mulher passa por mudanças com a vinda da Corte Real em 1816, quando ela recebe uma educação laica, ministrada pelas senhoras portuguesas, francesas, alemãs que ensinavam a bordar, costurar, religião e alguma coisa de aritmética e a gramática da língua portuguesa em suas casas. Desta forma, homens e mulheres tiveram suas vidas baseadas nas diferenças sociais e culturais a partir do período colonial no nosso País.

Na Constituição de 1823, advinda com a Independência, nasce a ideia de instruir o sexo feminino, as meninas estavam incluídas na educação, mas a educação não foi pensada para a igualdade entre gêneros e sim reforço de exclusão. E em 1824 tem início a educação primária obrigatória para todos os cidadãos. Conclamava-se em 1826:

"serão nomeadas mestras de meninas e admitidas a exame, na forma já indicada..., para cidades, vilas e lugarejos mais populoso, em que o presidente da província, em conselho, julgar necessário esse estabelecimento... aquelas senhoras, que por honestidade, prudência e conhecimentos se mostrarem dignas de tal ensino, compreendendo também o de coser e bordar".

A partir de 1827 apenas os meninos podiam estudar aritmética, para as meninas eram ensinadas apenas as quatro operações. As mestras foram vetadas de ensinar geometria às meninas e passaram a ganhar menos que os homens.

Nas décadas de 30 e 40 do século XIX a Escola Normal foi ampliada em todo país, nela só estudavam aqueles que comprovassem sua propensão ética como ponto primordial, ou seja, era mais importante a idoneidade do que a sua formação intelectual. Com a educação nas Escolas Normais houve uma nova condição social à mulher solteira, agora ela podia sair e trabalhar fora. Ser educadora era natural para a sociedade, uma vez que ela era maternal e por isso a educação era uma extensão do lar.

"[...] Neste sentido, a mulher passa a ser essencial na esfera pública e algumas ações que lhes eram pertinentes no espaço privado irão ampliar-se ao público pela sua ação educativa junto às crianças." (GASPARI, 2003, p. 59).

Após reestruturação em 1846, a mulher passou a frequentar a escola, algumas desejavam profissionalização, mas a maioria delas queria apenas esperar o casamento. Na metade do século XIX, surgiram algumas instituições destinadas a educar a mulher, embora com diferenças de ensino para meninos e para meninas. Para o sexo feminino a educação fundamental era a educação primária, com conteúdo moral e social, visando o papel da mulher como esposa e mãe. A mulher continuava excluída dos graus mais elevados de estudo.

Na segunda metade do século XX, a mulher conseguiu reverter a situação vivida na educação em todos os sentidos, ela soube aproveitar todas as oportunidades advindas com as mudanças ocorridas no País. Foi uma transformação que derivou de um empenho histórico do movimento de mulheres, na busca pela igualdade de direitos entre sexos. A sociedade viu com interesse a mulher despontando e se destacando em várias áreas, sua presença foi notória como representantes ministras, governadoras, presidente, empresárias, e, em muitas outras profissões. Mas quando pensamos na mulher como formadora de opinião e como educadora, o que temos é a desvalorização social e salarial.

Anterior   Próxima

Voltar para a primeira página deste artigo

Como referenciar: "As Inquietações da Educadora no Contexto Social" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 29/04/2024 às 23:37. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/as_inquietacoes_da_educadora/index.php?pagina=2