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A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva (página 3)

2.    O PAPEL ATUAL DA INICIATIVA PRIVADA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL

A iniciativa privada é uma das maiores beneficiadas, em um processo de políticas públicas sólidas, consistentes e efetivas, quando o objetivo é facilitar o acesso da população à educação de qualidade. No entanto, a qualificação profissional tem requerido investimentos elevados das empresas para melhorar a produtividade de seus trabalhadores em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo.

Contudo, muito pouco tem sido realmente feito por empresas privadas, ou suas associações, para influenciar, direcionar, integrar e até mesmo diretamente investir, em parceria com o poder público, nas políticas ou programas de transformação da realidade da educação pública do Brasil - uma realidade que vem sendo vislumbrada há alguns anos e sob a visão de muitos estudiosos, como Todeschini:

Quando nos deparamos com o Art. 205 no Capítulo III da nossa CF, sobre o direito da educação a todos os cidadãos, esse artigo além de estabelecer que a educação é um direito de todos e dever do Estado, amplia esse conceito afirmando que a mesma deve ser incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (TODESCHINI, R., 2004, p. 02).

Assim, a própria Constituição Federal incentiva que atores sociais, como a iniciativa privada, podem colaborar para que as pessoas tenham melhor qualificação profissional, pois aliadas à educação, chegarão à base de toda esta fundamentação: cidadania e inserção social, com respeito e qualidade.

A iniciativa privada pode, ainda, encontrar meios para tal através de seus programas de responsabilidade social, que incluem diversos programas públicos voltados à qualificação profissional do trabalhador. Todeschini (2004, p. 03) descreve diversas áreas de potencial integração entre programas de educação e universidades corporativas (realizados por empresas) e programas e políticas públicas de emprego e qualificação profissional do Ministério do Trabalho, onde se comprovou a possibilidade de integração destas atividades com programas do Ministério da Educação, através das Escolas Técnicas Federais e envolvimento dos estados e municípios, para uma efetiva ação em comunidades locais onde as empresas estão inseridas.

Porém, diante dos resultados de sua atuação, ao que se mostra, a contribuição da iniciativa privada poderia ir além de seus programas de responsabilidade social, tornando-se um efetivo e relevante "ator social" junto ao estabelecimento de políticas públicas e prioridades, através da visão ampla de produtividade e competitividade do Brasil no contexto internacional de uma sociedade que se sabe ter conhecimento globalizado. Seguindo, por exemplo, o modelo de evolução do conceito de educação e universidades corporativas realizado por empresas americanas, como traz Tarapanoff (2004, p. 08), que "como um desdobramento ou aprofundamento das atividades de treinamento dos departamentos de recursos humanos nas empresas", estas evoluíram para o conceito de aprendizado contínuo onde "a criação e gestão do conhecimento passaram a ser vistas como o meio de a corporação obter vantagem competitiva".

Em uma sociedade do conhecimento, globalizada e competitiva, uma nação, assim como uma empresa, precisa estabelecer, com seriedade e clareza, suas competências distintas, tornando-as únicas e personalizadas, sem a chance de serem plagiadas, e com um posicionamento estratégico propicio à vantagem competitiva desta nação. E, ao que se sabe, o Brasil, possui recursos para tais competências, mas é necessário uma política de estado que trate a inovação como estratégia de crescimento, não somente do governo, mas também integrada às universidades e, principalmente, à iniciativa privada. Esta integração fará a diferença na transformação de todos os investimentos, destinados à educação (sejam eles públicos ou privados), em ferramentas integradas de inovação e competitividade para maior crescimento econômico, prosperidade e igualdade do povo brasileiro.

Diante da presente análise, acerca do papel atual brasileiro, junto à atuação da iniciativa privada no setor da Educação, sugere-se ao leitor a seguinte reflexão: "Qual é, em sua opinião, a competência distinta que daria ao Brasil uma vantagem competitiva?"
   
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Como referenciar: "A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 17/05/2024 às 00:35. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/a_empresa_e_a_escola/index.php?pagina=2