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Muito prazer, meu nome é criança

Autor: Vanda Viana Nery Faria
Data: 21/08/2014

Precisamos entender as crianças, saber de suas necessidades, individualidades, respeitando-as e compreendendo-as.

O adulto precisa aprender com a criança, saber escutá-la em sua individualidade e sabedoria, como um ser com características próprias e únicas.

Quando um bebê está para chegar ao mundo há toda uma espera, uma organização. Monta-se o quarto, compram-se roupinhas, sapatinhos, os primeiros brinquedos ? tudo gira em torno desse novo ser que se aproxima. No útero ele tem os seus primeiros estímulos, um lugar escuro, aconchegante, onde se alimenta sem solicitar. No útero ele sente tudo, carinhos, emoções, atenções, amor e até angústias. Ambos, mãe e filho, estabelecem uma aliança de compromisso um com o outro, uma parceria que nasce nesse estágio da vida e pode ser levada pelo resto da vida.

O bebê nasce e o mundo passa a ser a sua casa. Um espaço totalmente diferente com barulhos, cores e pessoas. Tudo é diferente! Outros estímulos passam a fazer parte daquela nova vida e a casa se enche de alegria!  Pais, avós, tios, enfim, a família precisa entender cada momento. A hora de dormir, alimentar-se, tomar banho, tudo deve ser entendido através de suas manifestações. Um choro, um gemido ou até mesmo um sorriso pode estar chamando a atenção para uma necessidade.

Segundo Ninfa Parreiras (2012), o bebê humano é o ser mais desamparado que nasce. É um filhote que depende de outra pessoa. Vai aprender a ouvir, a falar, a olhar, a ser olhado, a brincar e a alimentar-se. Tudo isso depende do estímulo, de conhecer o bebê, de ter a sensibilidade de ouvir, ver e, até mesmo, tocá-lo. É preciso entender que essa criança nunca vem pronta como um livro para ser lido.

Aquele bebê vai crescendo e tendo atitudes ora parecidas com o pai, ora parecidas com a mãe. Vai ganhando características que só pertencem a ele, mas que são reflexos de tudo o que ele ouve e observa. Os pais precisam entender que cada atitude, cada comportamento é observado e, na maioria das vezes, copiado pelo filho. O ambiente deve ser de segurança e a criança deve sentir-se amada e querida. Assim, à medida que os pais dão autonomia, ela fica mais segura para socializar-se.

A família é o porto seguro, a base, o suporte. Os pais precisam ouvir o filho e estar atento às suas necessidades. Não é necessário, à criança, ser colocada em situações que não a pertencem ? ela é uma criança e não um pequeno adulto. Há lugares que ela não precisa ir, há situações que ela não precisa vivenciar. Ela precisa brincar, pular, gritar, rir, chorar, explorar... mas, permanecer no seu lugar de criança.

Quando chega o momento de ir para a escola, a presença dos pais continua sendo muito importante. Algumas crianças tendem a ficar inseguras e, neste momento o apoio e atenção são de suma importância. É preciso entender que cada ser é um e não pode ser comparado. A escola é um lugar diferente, horários diferentes e pessoas que ela nunca viu e não tem a menor intimidade. Pais e professores devem passar segurança para que a criança consiga entender o que está acontecendo ao seu redor.

Uma nova etapa é apresentada, um novo caminho começa a ser trilhado e novos desafios surgirão. Ela continua a ser criança e nesta etapa precisa de novos tipos de estímulos, de atenção e cuidados.

Segundo Piaget (1970; 1978; 1987), a criança constrói o conhecimento na sua interação com o objeto, entendido como o seu próprio corpo, as coisas, os animais, a natureza, os fenômenos do mundo físico em geral. Por isso, ela precisa ser apresentada a esse novo mundo. O contato com outras crianças ajudará muito neste momento. Ela vai entender que não está só e começará a criar novos conceitos, novas descobertas, novas aprendizagens.

Ao voltar para casa terá necessidade de ser ouvida, pois um mundo de informações e o desejo de comunicá-los aos adultos pertencem a este momento. Dê ouvido a seu filho e permita-lhe apresentar-se: ?Muito prazer, meu nome é criança!?

Vanda Viana Nery Faria, Pedagoga
Pós-Graduada em Educação pelo Sistema Pitágoras de Ensino
Supervisora na Escola Officina do Saber e Professora pelo Município


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Como referenciar: "Muito prazer, meu nome é criança" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 19:15. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/textos/index.php?id=42