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Os Segredos da Finlândia

Autor: Sandra De Cássia Ribeiro
Data: 12/08/2014


O que leva o país a ser sucessivamente o primeiro colocado nas avaliações do Pisa? Na última edição, que avaliou ciências, a média finlandesa foi de 563 - o Brasil alcançou 390 (52º de 56 países). O sucesso deve ser explicado em função de uma conjugação de fatores, e não por uma única ação. A primeira razão, acredito, é que a sociedade finlandesa valoriza a educação e, portanto, tem uma atitude muito favorável à área. No entanto, tomemos como parâmetro também o modelo de gestão escolar adotado por aquele país.

O modelo finlandês está ancorado em um tecido social bastante homogêneo e em uma visão peculiar e historicamente construída sobre o papel do Estado no bem-estar social. Diferente do Brasil, que tem a presença do Estado muito forte na educação, assim como em outros campos sociais e até no econômico.

Não significa que a Finlândia não adote nenhum tipo de padronização, que não dê ênfase à aprendizagem de habilidades básicas, nem promova mecanismo algum de parametrização (currículos e avaliações) no seu sistema educacional. Tais elementos estão presentes, sim, porém inseridos em uma abordagem que privilegia a autonomia profissional dos docentes e diretores de escolas e a responsabilidade compartilhada pelo sucesso escolar dos alunos.

Naquele país gestores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer que todas as escolas têm que ser coerentes na sua finalidade última. Os reitores (gestores) devem trabalhar para que seus alunos sejam competentes, ativos e curiosos, e tudo isso tem que ser buscado de forma agradável. É certo que no Brasil os diretores, coordenadores e demais gestores buscam isso, e olha que nossa realidade é muitas vezes mais heterogênea e extensa! Portanto, se houvesse mais autonomia nas mãos dos competentes alcançaríamos  resultados muito mais satisfatórios. Nas mãos de incompetentes, os resultados se manteriam nos vergonhosos índices que temos alcançado, mas a sociedade saberia a quem cobrar o mau desempenho dos seus filhos.

A elevada qualidade dos docentes é o que está por trás da grande autonomia concedida para o trabalho desses profissionais e da confiança depositada neles pela sociedade finlandesa. Ou seja, o Estado e a sociedade confiam, os professores correspondem, e a performance da classe aumenta.

Sandra De Cássia Ribeiro - Professora da rede pública de ensino na cidade de Bauru


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Como referenciar: "Os Segredos da Finlândia" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 24/04/2024 às 07:20. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/textos/index.php?id=41