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A Produção de Textos no Contexto Escolar

Autor: Érica Regina; Ezi Silveira Rocha; Wanda Batista.
Data: 08/04/2014

RESUMO: Esse presente trabalho científico trata a respeito da produção de textos no contexto escolar. Tem por objetivos mostrar como geralmente são feitas as produções de texto na escola, quais são as maiores dificuldades com relação à escrita de bons textos e principalmente, qual o papel do professor na aplicação e correção de propostas de texto em sala de aula.  Para o alcance desses objetivos, buscaremos por meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa prática de campo em uma escola do Município de Betim, demonstrar o que envolve a produção de textos na escola.

PALAVRAS-CHAVE:
Produção de Texto; Língua; Avaliação.

1. INTRODUÇÃO

A produção de textos, na escola, é uma questão de grande preocupação social. Apesar da elaboração de variados textos durante o período de ensino básico obrigatório, muitas pessoas se sentem despreparadas ao se deparar com propostas de construção de texto no dia a dia.  Diante dessas dificuldades com relação às produções textuais, cabe analisar algumas questões: Quais são as origens dessa dificuldade dos alunos ao construir textos? De que forma a produção de textos deve ser abordada na escola e como o professor deve intervir nas dificuldades dos alunos em suas produções?

Para a compreensão do tema e resposta de tantos questionamentos a respeito das produções de texto na escola, nos baseamos dos argumentos dos autores João Wanderley Geraldi e Ingedore Koch. Além da pesquisa bibliográfica por meio de uma prática de campo buscamos pesquisar como são realizadas as propostas de produção de texto na escola, bem como a avaliação das produções de textos e intervenção realizada pelos professores nas dificuldades dos alunos no que se refere a esse assunto.

2.  A CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM E A PRODUÇÃO DE TEXTOS


No Brasil, muitos estudantes possuem dificuldades na utilização da língua seja de forma oral ou escrita. No entanto, essa dificuldade não deve ser classificada como uma incapacidade de expressão desses estudantes, mas sim como uma incapacidade de sintetizar informações e juízos para transformá-los em sentenças linguísticas. 

A linguagem é a forma ou instrumento que os falantes de uma determinada língua utilizam para expressar ou comunicar algo a alguém. Segundo Koch (2012), a linguagem é a capacidade que o ser humano tem de interagir com o meio social através de uma língua, das mais variadas formas e variados propósitos e resultados. Em outras palavras, a linguagem, seja na modalidade oral ou escrita, pode se manifestar de diferentes formas, levando em conta os propósitos e resultados daquilo que é dito ou escrito.

A linguagem pode ser concebida de formas diferentes que norteiam como ela é apresentada, seja oralmente ou em forma de escrita. As concepções de linguagem podem ser divididas em três modalidades. A primeira é a linguagem como expressão de pensamento.  O autor João Wanderley Geraldi (2006) aponta-a como tradicionalista. Para ele, se essa concepção de linguagem é adotada, é como se afirmasse que as pessoas não conseguem se expressar por não pensarem. Em síntese, essa concepção admite a expressão puramente como produto do pensamento, sem levar em conta o contexto e o receptor da mensagem que envolve essa expressão linguística.

Em comparação a Geraldi, Koch (2012) apresenta essa concepção que, por sinal, é a mais antiga das concepções linguísticas, como uma forma de representação do pensamento e conhecimento de mundo do homem por meio da língua, isto é, a língua tem a finalidade somente de representar o pensamento humano.   Essa concepção valoriza a gramática pura no processo comunicativo. Quando se leva em conta essa concepção na escrita de um texto, aquele que o escreve expõe no papel as suas ideias, valendo-se da gramática normativa, sem pensar se aquele texto atingirá seus objetivos e poderá ser compreendido por outras pessoas no ato da leitura.

A segunda concepção apresenta a linguagem como instrumento de comunicação.  Nela, leva-se em consideração a interação entre o emissor e o receptor da mensagem. Os autores Geraldi e Koch apontam essa concepção da língua como um código que somente transmite a mensagem ao receptor, que, por sinal, recebe-a de forma passiva. Geraldi ainda diz que geralmente essa concepção é a mais vista em livros didáticos, instruções ou propostas de produção de textos. Ao se valer dessa concepção nas propostas de produção de textos, o professor somente delimita aquele para quem será escrito o texto, porém, o emissor da mensagem não recebe o papel comunicativo que deve representar no ato da escrita, nem mesmo o contexto que se deve levar em conta no processo da escrita.

A terceira e última concepção, é a linguagem como forma de interação. Nesse sentido, ela assume um papel diferenciado das concepções anteriores. Em oposição à linguagem como expressão do pensamento e como forma de comunicação, essa terceira envolve a interação entre o emissor e receptor da mensagem, ambos participam de forma ativa no processo comunicativo.

A linguagem se torna a ponte entre o locutor e o interlocutor no processo da fala e da escrita.  Geraldi (2006) afirma que nessa concepção interacionista.

(...) mais do que possibilitar uma transmissão de informações de um emissor a um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interação humana. Por meio dela, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, ao não ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam à fala. (GERALDI, 2006,  p. 41)

Por meio das palavras de Geraldi, pode-se compreender que a linguagem como forma de interação vai além do ato de ler e escrever. Essa envolve a interação entre atores comunicativos e contexto social ou cultural em que o locutor e interlocutor vivem.

As propostas de produção textual elaboradas pelo professor, quando assumem a concepção interacionista, permitem ao aluno saber qual papel ele deve exercer e de que forma ele pode permitir a participação do receptor da mensagem ou leitor do seu texto.  Dessa forma, os alunos têm consciência de perguntas essenciais para a escrita de um bom texto, tais como: Quem é o enunciador?(aquele que escreve o texto); Quem é o enunciatário? (aquele que recebe a mensagem ou leitor do texto); Qual é o propósito do texto e em qual gênero deve ser escrito?  Quando essas perguntas são usadas nas construções de textos, os alunos se sentem mais seguros na sua elaboração e, ao mesmo tempo, as correções das produções se tornam mais claras, tanto para o professor quanto ao aluno.

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Como referenciar: "A Produção de Textos no Contexto Escolar" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 03/05/2024 às 01:22. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/producao_textos_contexto/