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A Importância da Educação Especial e sua Inclusão (página 5)


A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INCLUSÃO SOB A VISÃO DE ALGUNS ESTUDIOSOS
"O papel verdadeiro da escola é ensinar a voar, não cortar as asas" (Dimenstein)
"A comporta mentalização do nosso olhar sobre o problema da aprendizagem dividido entre saúde e educação, inúmeras vezes apresenta um mau serviço do entendimento e tratamento do indivíduo em questão" (PIRES, 2000, p.34).

O movimento pela inclusão no Brasil cresceu e passou a centralizar a atenção de educadores e outros profissionais, ligados ou não à pessoa com deficiência, em concordância no ideal de que inclusão refletia oposição à exclusão. De acordo com Masine (2001) na prática, no cotidiano das escolas, contudo essa política educacional apresentou outras facetas. Nela as diretoras procurando atender à orientação de não excluir nenhum aluno do convívio com crianças normais passaram a receber, de forma indiscriminada, crianças com deficiências.

Assim, ampliou-se o quadro dessa nova clientela de alunos, sem que se tivesse chegado a um consenso sobre as implicações pedagógicas decorrentes e às medidas a serem adotadas. Os pais, talvez incentivados pelo movimento da inclusão passam a procurar as escolas na expectativa de aí encontrar as condições apropriadas para o desenvolvimento de seus filhos.

A escola passou, nesse sentido, a desempenhar um papel ambíguo frente à diversidade: de um lado, abriu as portas aos alunos excepcionais; de outro não se preparou e não passou a oferecer as condições necessárias para a educação dos alunos com necessidades educacionais especiais. Assim, permaneceu desempenhando programações estabelecidas, de cunho intelectualiza cujas ações tornaram-se excludentes, devido entre outras coisas, à falta de formação de professores: "o professor regular não aprendeu a lidar com o aluno diferente e o professor especializado não aprendeu a lidar com professor do ensino regular". (MASINE, 2001, p.15).

É necessário capacitar o professor e aceitar sua (in) disponibilidade para o trato com a diversidade. Dependendo da maneira como a inclusão é vista e ou realizada ela é exclusiva. Quando se pensa em inclusão, não se pode esquecer de relacionar a inclusão dentro de nossa realidade escolar que se caracteriza por uma estrutura montada para alunos comuns para desenvolver suas habilidades. É um sistema de ensino organizado por um currículo onde os conteúdos possuem uma sequência e complexidade segundo o desenvolvimento cognitivo e faixa etária destes alunos.

Quando um aluno diferente deste padrão é incluído, é com este sistema que se depara cuja estrutura é pouco flexível, não oferecendo muita abertura para uma programação segundo as necessidades e ritmos específicos. E, como toda estrutura, seus componentes estão organizados dentro de uma rigidez, sendo que qualquer alteração mobiliza todos os componentes, gerando, assim, um desequilíbrio.

Perante este desequilíbrio, há uma reorganização, voltando à ordem inicial. Conforme Masine (2001) os sujeitos que trabalham nesta estrutura, se organizaram, a princípio, para perpetuá-la, trabalhando para sua manutenção, e precisando dela para sentir-se competentes.

O que ensinar como ensinar, como avaliar e quais objetivos a serem atingidos, estão previamente estabelecidos e assegurados pelo sistema. Com esta organização, não há grandes conflitos decorrentes das possíveis incoerências entre o que se pensa e que se faz. Haja vista que a função de um orientador/coordenador, nesta estrutura, é trabalhar estes conflitos e resolvê-los de alguma forma para que o sistema possa continuar se sustentando.

Quem não trabalha nesta direção pode ser excluído ou precisa readaptar-se.Enfim, por que se está falando de estrutura? Porque um aluno quando é incluído, está entrando em um sistema escolar com um funcionamento estrutural definido e com uma dinâmica própria. A entrada de um aluno que se diferencia quanto aos seus comportamentos, estruturas emocionais e cognitivas, algo novo do esperado poderá propiciar um desequilíbrio neste sistema e, consequentemente, nos sujeitos que viabilizam a aprendizagem.

Paulo Freire mostrou a necessidade de adaptar a linguagem da sala de aula à linguagem do aluno. A realidade escolar "dá voz" para a diversidade? Alguns poderiam afirmar, categoricamente, que sim. E uma grande parte afirmaria o contrário. Estamos preparados para atender àquele que é diferente? Aquele que apresenta dificuldades comportamentais, emocionais e cognitivas? Tem-se uma estrutura escolar preparada para tal nível de atendimento?

Em outras palavras, para que, em nossas escolas, o ideal da integração de todos ou da não exclusão de alguns se torne realidade, deve-se trabalhar todo o contexto onde o processo deve ocorrer, para que dê certo. Do contrário, corre-se o isco de prejudicá-lo e contribuir para mais preconceitos em torno dos deficientes. "O principio fundamental da inclusão é a valorização da diversidade.

Cada pessoa tem uma contribuição a dar". (DENS, 1998, p.25) Neste aspecto, acreditamos que a inclusão é um fator positivo, pois cada um será considerado pelo que é, pelo seu potencial, pela sua diferença individual.

E a escola é um espaço social privilegiado para debate, pelas suas funções políticas, dentre outra. Aceitar o ideário da inclusão não autoriza a mudar o que existe, num passe de mágica. A escola inclusiva, isto é, a escola para todos deve ser inserida num mundo inclusivo onde as desigualdades - e que são estruturais na sociedade (DEMO, 1993) - não atinjam os níveis abomináveis com os quais se tem convivido.

Por sua vez, os alunos portadores de deficiência muitas vezes têm sérios atrasos na comunicação oral e, por este motivo, sua integração social não é fácil. Além disso, sua lentidão na aquisição da linguagem oral afeta as possibilidades de uma aprendizagem normal.

No caso, por exemplo, das crianças surdas, a integração marginaliza a linguagem dos sinais, que é necessária, segundo opinião quase unânime das associações de surdos, para a educação dos alunos surdos. Os objetivos básicos que o sistema educacional tenta promover são iguais para todos os alunos: favorecer seu desenvolvimento pessoal, emocional, intelectual, linguístico e social, facilitar o conhecimento do mundo natural e social, e proporcionar as habilidades necessárias para poder incorporar-se de forma mais ativa e autônoma possível ao mercado de trabalho e à sociedade.

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Como referenciar: "A Importância da Educação Especial e sua Inclusão" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 19/05/2024 às 12:11. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/educacaoespecialinclusao/index.php?pagina=4