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A Educação Cidadão e os Projetos de Extensão Universitária - Possíveis Caminhos para uma Inclusão Social (página 2)

INTRODUÇÃO

Percebe-se que o discurso da inclusão da pessoa portadora de necessidades especiais tem crescido e ganhado cada vez mais espaço nas discussões midiáticas, no meio familiar, entre educadores, enfim, nos espaços sociais de maneira geral. O impulso da discussão que se instaurou em torno das PNEs, no entanto, não significa necessariamente que os diversos setores da sociedade agem no sentido de inseri-los a si, contudo indica mudanças na maneira de se conceber e representar a diferença.

Na Constituição Federal de 1988 o Brasil apresentou nuances de uma política educacional inclusiva, garantindo, através dos parágrafos III do artigo 208 atendimento educacional especializado aos até então conhecidos como portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino. O conceito mudou em seguida para Portador de Necessidades Especiais. Atualmente utiliza-se o conceito "Pessoa com Necessidades Especiais". O Estado ainda fica incumbido ainda da

II §- 1º criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos (BRASIL, 1988).

Outros instrumentos, além da Constituição, também propõem um cuidado especial às PNEs, tais como o Estatuto da Criança e do Adolescente, as propostas políticas e práticas da Declaração de Salamanca, etc. Um destes instrumentos, o Plano Nacional de Educação, aprovado pela lei 10.172/01 estabelece, entre outras coisas, 28 objetivos e metas para a educação das PNEs, que, basicamente tratam da ampliação da oferta de atendimento desde a educação infantil até a qualificação profissional dos alunos partindo do desenvolvimento de programas educacionais em todos os municípios com parcerias nas áreas de saúde e assistência social; Atendimento preferencial na rede regular de ensino e atendimento extraordinário em classes e escolas especiais; Estabelecimento de ações preventivas e parcerias necessárias ao pleno desenvolvimento do portador de necessidades educacionais especiais em escola inclusiva; Promoção da educação continuada de professores em exercício.

Entretanto, mesmo sendo garantido o acesso à educação da PNE na lei, ele não se garante na prática em todas as esferas. Problemas como a ausência de preparação do pessoal ou falta de estrutura física são os mais citados quando se discute o não cumprimento da lei.

Mas isso não significa que ações voltadas ao avanço da inserção social de PNEs tenha se estagnado. Muito pelo contrário. Embora esteja longe do ideal, muita coisa tem sido feita. E um dos instrumentos utilizados para dar impulso à causa é a extensão universitária.

Para quem não sabe, extensão é uma atividade extracurricular voltada para a interação entre universidade e comunidade.  É um dos três pilares da educação superior no Brasil, que segundo a Constituição (1988) são: Ensino, Pesquisa e Extensão. A extensão configura-se como o elo retroalimentativo estabelecido entre os diversos setores da sociedade e a universidade, onde todos são beneficiados: a universidade leva seu conhecimento e/ou assistência à comunidade, que por sua vez proporciona aos extensionistas uma visão geral de como é que funciona a vida profissional fora da universidade.

Neste sentido, o objetivo deste trabalho é conduzir uma reflexão crítica sobre as potencialidades existente nos projetos de extensão universitária no que tange à promoção da inclusão social através de trabalhos ancorados em uma educação cidadã com base no trabalho realizado pelo projeto de extensão "Promovendo a cidadania através da inclusão de pessoas com deficiência".


METODOLOGIA


O projeto, realizado no Centro de Referência e apoio à Educação Inclusiva (CRAEDI), é direcionado aos usuários do serviço que incluem pessoas com deficiências e seus pais. A equipe multidisciplinar que desenvolveu as atividades realizadas semanalmente era composta por professores e alunos dos cursos de direito, psicologia e sistemas da informação da Universidade Vale do Rio Doce (Univale).

O CRAEDI existe desde novembro de 2005 em Governador Valadares e trata-se de um órgão da Secretaria Municipal de Educação. Este órgão foi criado para oferecer atendimento educacional especializado, numa perspectiva inclusiva, aos alunos com necessidades educacionais especiais que estudam nas escolas municipais, dentre eles: deficiência auditiva, visual, mental, física, Síndrome de Down, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O Centro possui uma equipe multiprofissional para oferecer atendimento educacional especializado e atendimento clínico: Professora de Português/LIBRAS, Professora de BRAILLE, Instrutora de LIBRAS, Pedagoga, Fonoaudióloga, Fisioterapeuta, Assistente Social, Terapeuta Ocupacional, Psicóloga e Professoras de Educação Especial. Este atendimento especializado proporciona o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para a aprendizagem dos conteúdos específicos.

Em seus objetivos originais o projeto de extensão previa a inclusão digital de pessoas com deficiências e altas habilidades que estavam matriculadas no ensino municipal de Governador Valadares e sob assistência do CRAEDI. Porém com o conhecimento da demanda apresentada pelos beneficiários, os rumos do projeto foram se adaptando, passando de uma abordagem específica em inclusão digital a uma intervenção também voltada às necessidades sociais dos pais e responsáveis das PNEs.

O público alvo foi pessoas com deficiências e altas habilidades matriculadas na rede de ensino municipal de Governador Valadares e acompanhadas pelo CRAEDI. Os beneficiários deste projeto foram de ambos os sexos, na faixa etária de 0 a 15 anos, além de suas famílias e/ou responsáveis com precário acesso a renda e serviços públicos com local de moradia em Governador Valadares ou regiões circunvizinhas, cursando até o quinto ano escolar.

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Como referenciar: " A Educação Cidadão e os Projetos de Extensão Universitária - Possíveis Caminhos para uma Inclusão Social" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 01/05/2024 às 22:03. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/educacao_cidada/index.php?pagina=1