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Práticas Educativas na Formação de Crianças Leitoras na Educação Infantil

Autor: Ana Maria Lima Frazão
Data: 08/12/2010

RESUMO:

Este artigo é fruto do trabalho desenvolvido durante o ano letivo de 2010 pelas acadêmicas do curso de pedagogia modular do UNIVAG que atuaram na forma de estágio supervisionado na Educação Infantil com crianças de quatro a seis anos de idade. As atividades realizadas com as crianças ocorreram através de projeto de trabalho, partindo dos interesses e necessidades detectadas durante período de observação, primeira fase do estágio supervisionado. Julgamos que, quando  os "fazeres" da sala de aula partem daquilo que realmente está chamando a atenção da criança, as atividades tornam-se mais significativas. Buscamos nosso referencial em Grossi (1990), Gadotti (1988), Libaneo (1992), Campos (1993) Smith (2010), sites da internet e RCNEI, entre outros. Abordamos neste trabalho as questões de identidade, autonomia, linguagem oral e escrita e o que está presente no cotidiano da criança, permitindo ampliar o universo com significações a partir da realidade que estão vivenciando. Pretendemos levar o educador, a se colocar em uma posição de inovação, apontando a importância de sua pratica educativa na educação infantil, de forma a mudar suas atitudes em relação ao seu papel como agente de formação humana, levantando a seguinte problemática: É possível uma criança produzir textos orais e escritos antes de aprender a ler e escrever? Devemos lembrar que da criança, depende o crescimento da sociedade de forma estável e segura, com pessoas assumindo posições dentro da sociedade, tomando decisões e atitudes certas. Diante disso o profissional da educação infantil deve levar seu aluno ao futuro homem leitor, crítico e que supere o senso comum.

DESENVOLVIMENTO

Este artigo nasceu a partir da experiência de Estágio Supervisionado em Educação Infantil, em relação ás práticas pedagógicas observadas em sala de aula na formação de alunos leitores. Procuramos buscar neste trabalho, elementos que possam levar os educadores a refletirem sobre  a sua prática no cotidiano escolar.

Contextualizando a prática de ensino nos reportamos às predominâncias pedagógicas porque perpassou a educação.

Até a década de 1920, a predominância era a prática da Pedagogia Tradicional, onde os objetivos eram os de levar os educadores a transmitir a cultura geral humanista e enciclopédica.

A prática educativa estava centrada na transmissão de conteúdos com ênfase na repetição e memorização. Na relação professor-aluno, predominava a autoridade do professor, que transmitia o conteúdo como verdade absoluta a ser absorvida pelo aluno. A memorização servia para disciplinar a mente e formar hábitos. Esta prática era de tal forma que atendia às camadas socialmente privilegiadas, mas, tornou-se ineficaz quanto à formação humana do aluno.

Ao longo dos tempos surgiram novas predominâncias, como a Escola Nova, que segundo Libaneo (1992), tinha o objetivo de modernizar o ensino, colocando-o a serviço das necessidades sociais do educando. Seus princípios eram o respeito à individualidade da criança, desenvolvimento de aptidões naturais, o aprender fazendo, atividade espontânea. Trata-se de "aprender a aprender", ou seja, é menos importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito. A valorização das experiências, a pesquisa, as descobertas, o estudo do meio natural e social, levava o aluno à busca para solução de problemas. O trabalhar em grupo não era visto como uma técnica e sim como uma condição básica para desenvolver a mente.

Na relação professor-aluno, na Escola Nova surge o facilitador entre aluno e conteúdos. A disciplina em sala surge da consciência do grupo. O aluno é solidário, participante, respeitador, garantindo assim a harmonia tal qual deve ser na sociedade.  Luckesi (1992, pg, 58) aponta neste contexto que houve um decrescimento do interesse dos conteúdos em detrimento às habilidades e pesquisas, onde se pensava que a criança chegaria sozinha aos conteúdos.  Podemos dizer que essa predominância prejudicou as classes populares, e favoreceu de certa forma as crianças das classes mais favorecidas.
Um novo modelo de ação pedagógica foi inserido no contexto educacional a Pedagogia Tecnicista, que novamente veio para atender de certa forma somente a um lado, a classe empresarial. Neste modelo a escola funcionava como modeladora do comportamento humano. A prática educativa ocorria através de técnicas específicas necessárias para que o aluno viesse a estar pronto a adquirir habilidades, atitudes e conhecimentos necessários para se integrarem no sistema social global. A escola atuava articulando-se diretamente com o sistema produtivo, empregando a ciência de mudança de comportamento, Trabalhando para produzir indivíduos "competentes" para o mercado de trabalho.

Na relação professor-aluno, segundo Luckesi (1992, pg 62), estas são organizadas e estruturadas, o professor administrando a transmissão da matéria, conforme sistema de instruções de forma eficiente e efetivo em termos de resultados, e o aluno receptor, aprendiz fixando as informações transmitidas. O professor é um elo entre a verdade científica e o aluno, este por sua vez é um indivíduo responsivo, não participante da elaboração do programa educacional. 

O que se observa até aí é que o interesse pela formação do ser humano enquanto agente necessário para o desenvolvimento de uma sociedade foi deixado de lado. A escola, nessas predominâncias tornou-se uma mediação conflitante, como enfoca Libâneo:

É possível considerá-la como uma mediação pela qual se efetua o conflito entre as classes sociais, uma interessada na reprodução da estrutura de classes tal qual é, outra cujos interesses objetivos exigem a negação da estrutura de classes e a supressão da dominação econômica (1992, pg.95).

Dessa forma na visão de Libâneo (1992) a escola se encontra como uma estrutura mediadora entre as classes sociais dominantes e dominadas. Está entre o desejo da camada popular que almeja superar a sua condição de dominada pela estrutura dominante e a pressão desta classe que quer a qualquer custo manter sua posição e a dominação. 

Nos dias atuais, mesmo diante de tantas dificuldades enfrentadas pelos educadores vemos possibilidade de que a escola seja um agente de mudança devendo dar condições aos seus alunos de superar as suas dificuldades e sua condição de classe dominada, através do acesso ao saber, desde os primeiros anos de vida escolar, como a educação infantil.

Dentro deste contexto, o educador precisa conhecer a sociedade em que atua e o nível social, econômico e cultural de seus alunos, lembrando que estes são seres humanos, e são seres de relações. O educador de um modo geral tem o dever de ter um comprometimento político com o que faz, tendo um posicionamento firme dentro da sociedade, e para tal necessita olhar a comunicação e sua relação social como uma necessidade e fator imprescindível no processo de formação humana. É através da comunicação com seu aluno que ele exerce e assume o papel de educador para a formação humana, como afirma Gadotti (1988).

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Como referenciar: "Práticas Educativas na Formação de Crianças Leitoras na Educação Infantil" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 05/05/2024 às 11:50. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/criancasleitoras/