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Atuação Docente no Processo de Ensino-Aprendizagem: os Desafios Pedagógicos nas Diversidades Socioculturais (página 2)


INTENCIONALIDADE DAS AÇÕES PEDAGÓGICAS NAS DIVERSIDADES SOCIAIS E CULTURAIS
    
As ações pedagógicas não podem ser algo imposto, mas sim uma construção a partir de uma intencionalidade pedagógica gradativa e com vínculos entre as dimensões escolar e social, atividades de ensino e pesquisa, a partir da realidade da escola e do meio social em que está inserida.

Segundo Coresão (2002), há hoje uma evidente contradição entre o professor em branco e preto, o professor "monocultural", bem formado, seguro, claro, paciente, trabalhador e distribuidor de saberes, eficiente, exigente e o professor "Inter multicultural" que não é um "daltônico cultural", que se dá conta da heterogeneidade, capaz de investigar, de ser flexível e de recriar conteúdos e métodos, capaz de identificar e analisar problemas de aprendizagem e de elaborar respostas às diferentes situações educativas. Um não se pergunta por que ser professor. Simplesmente cumpre ordens, currículos, programas, pedagogias. Outro questionasse sobre seu papel. Um está centrado nos conteúdos curriculares e outro no sentido do seu ofício.

O professor deve assumir uma postura dialógica, social, defender aspectos étnicos, coletivos e emocionais. Para isso tornam se necessários novos saberes, planejar, pesquisar tendo como maior desafio a mudança da sua própria mentalidade, competências profissionais e visão social. Grispino (2004), refere-se ao professor e educador como: Professor é aquele que se investe de uma função, a de ensinar, a de transmitir conhecimento, numa linha objetiva, ditada pela ciência. Tem os olhos mais voltados para a racionalização, para a organização, para a instituição. Identidade e autonomia pertencem à instituição. Ele está ligado à produção, ao lucro, ao utilitarismo. O Educador ultrapassa as linhas da objetividade, da personalidade institucional. Sua atuação não é tão formal, tão racional. Através do conhecimento, ele chega ao elemento humano, enxerga o outro, a pessoa que está à sua frente e que ele deve educar. Traz algo que se define por dentro. Ele se liga ao humano, ao seu destino, à sua felicidade. Quer conhecer o seu aluno, suas dificuldades, suas necessidades, sua história de vida, seus anseios, suas potencialidades. Ajusta-se à identidade do aluno mais que a da instituição.

O educador ensina com afetividade, toca, estende a mão, compreende a caminhada. Não quer um ensino impessoal, universal, igual para todos.  Busca conceitos que sejam significativos para o seu aluno, próximos de sua realidade. Entende o processo de ensino-aprendizagem como uma relação a dois - nunca unilateral - uma construção artesanal.

O educador é o polo das transformações sociais, alcança as diferentes classes, os grupos diferenciados, que convivem no mesmo espaço escolar. Conscientiza, restaura valores, compromete-se socialmente. A diferença fundamental entre professor e educador está no tipo de envolvimento. O professor cultua a ciência, o saber, o educador, antes da ciência, cultiva a rosa, cultua o gênero humano.

A ação docente deve ser construída a partir de uma sólida convicção teórica, onde seus pilares serão compostos por dedicação, carinho e paixão pela profissão docente e pelos alunos que constituem a essência do ato de ensinar. Ainda sobre as ações pedagógicas, Cortella (1999), ressalta que o saber pressupõe uma intencionalidade, ou seja, não há busca de saber sem finalidade. Dessa forma, o método é, sempre, a ferramenta para a execução dessa intencionalidade; como ferramenta, o método é uma escolha e, como escolha, não é neutro.

O melhor método é aquele que propuser a melhor aproximação com o objeto, isto é, aquele que propiciar a mais completa consecução da finalidade. No entanto, o método não garante a exatidão, pois está relacionada à aproximação com a verdade e o método é apenas garantia de rigorosidade. A aproximação com a verdade da pratica depende da intencionalidade e esta é sempre social e histórica; assim, a exatidão não se coloca nunca como absoluta, eterna e universal, pois a intencionalidade também não o é.

A intencionalidade está inserida no processo de as mulheres e os homens produzirem o mundo com seus corpos e suas consciências, e nos seus corpos e consciências. Assim, cada um e cada uma de nós é também método, pois corpos e consciências são ferramentas de intencionalidade (conscientes ou não). É por isso que o anunciado, para vir, tem de ser feito por nós como geradores de intenção. Assim existimos: fazendo, e porque fazemos, pensamos. E porque pensamos, fazemos nossa existência. É por isso que a prática de pensar a prática - o que fazemos - é a única maneira de pensar - e de fazer - com exatidão.

O novo modelo educacional para a inclusão e igualdade nos direitos a aprendizagem, participação e autonomia deve se pautar impreterivelmente no primeiro momento pela reflexão critica da pratica como docente e de examinar as teorias nelas implícitas, estilos cognitivos, preconceitos e ou individualismo, intolerância e exclusão. Mas não tão somente no cotidiano da sala de aula, mas ao todo inerente a educação e a realidade social vivida pelos alunos. "A reflexão critica sobre a pratica se torna uma exigência da relação teoria/pratica sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a pratica, ativismo". (FREIRE,1996 p.12). O mero reconhecimento das relações de exclusão/inclusão, não é suficiente, é preciso que o indivíduo se identifique como participante ativo desta dialética, e como responsável pela construção histórica do futuro, salienta:

"herdando a experiência adquirida, criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem num domínio que lhe é exclusivo - o da História e o da Cultura" Freire (2002, p.49).

O processo de inclusão consiste em um processo de crítica e revisão de valores e crenças; um processo de reconhecimento e respeito às diferenças; um processo de exercício dialético de percepção da realidade. Luta pela participação de todos em situação de risco de exclusão, onde não só os excluídos exigem e constrói uma educação libertadora, mas também aqueles que contribuem para a exclusão. A escola deve ser produtora de modos de saber, de conhecer e não como reprodutora da desigualdade e de exclusão de oportunidades.

O educador democrático tem dever de reforçar a capacidade critica do educando, sua curiosidade, ou seja, promover o pensamento critico, de inserir dialogo as necessidades e diferenças, criando estratégias de participação, operando com a diversidade com todos os fatos e atos que nela existem.
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Como referenciar: "Atuação Docente no Processo de Ensino-Aprendizagem: os Desafios Pedagógicos nas Diversidades Socioculturais" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 14:30. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/atuacaodocente/index.php?pagina=1