A Importância da Ressignificação de Conteúdos Face ao Dinamismo da Sala de Aula (página 2)

    Ainda de acordo com Hengemühle (2014, p.11) as teorias não podem ser simplesmente transportadas do contexto onde se formaram para o contexto onde vivem os alunos. Segundo ele, as realidades hoje são diferentes e essas teorias precisam ser ressignificadas para os alunos em sua realidade, pois senão apenas se tornam coisas mecânicas a serem recebidas e repetidas. Com esse entendimento, pode-se destacar o valor da ressignificação dos conteúdos em sala de aula, ou seja, a importância de adequação a esse novo ambiente, por vezes, contemporâneo à formação do próprio professor.

    É preciso ter clareza que assim como a sociedade, o ambiente escolar se transforma a cada dia na medida em que as crenças e os valores são desconstruídos para que novos conhecimentos possam surgir. Sob esta ótica, a ressignificação contribui para a desconstrução de conceitos, possibilitando um novo olhar sobre o contexto.

    Em outros termos, a ressignificação acontece na medida em que o professor expõe uma situação ou problema dentro de um contexto atual e, à luz da teoria consegue elevar a capacidade de compreensão do aluno que, dentro desse espaço, consegue estabelecer relação com o cotidiano na medida em que entende o porquê de trabalhar aquele conteúdo em sala de aula.

    Portanto, ressignificar o conteúdo na sala de aula é antes de mais trazer as teorias para a zona proximal dos alunos, atribuindo-lhes novos significados a partir do contexto. Uma vez inseridos no contexto eles passarão a enxergar a realidade de uma outra maneira, tendo em vista a sua capacidade de questionar a realidade e buscar construir suas próprias respostas.

    Ao trazer os educandos para a realidade, o professor desperta neles o desejo de ir para a escola, estimulando-os a participarem ativamente - enquanto sujeito de ação - da construção do conhecimento. Deste modo, a ressignificação além de contribuir para aproximar a teoria da prática, estimula a curiosidade do educando, despertando o gosto pela construção do conhecimento a partir da leitura, da pesquisa, da participação ativa e da busca de soluções para os problemas.

    Por fim, Hengemühle (2014, p. 143) citando Vasconcelos assegura que o professor precisa conhecer a história para dar sentido ao conteúdo. Mais adiante (2014, p. 150) referindo-se a Soares destaca que o educador precisa refazer, repensar o passado com as ideias de hoje. Seguindo as ideias ora propostas, faz jus ressaltar a importância do protagonismo do educador face aos desafios da sala de aula, afinal os estudantes têm à sua disposição uma variedade de recursos tecnológicos que lhes propiciam o acesso a informações (redes sociais, aplicativos, jogos, canais, sites de busca), muitas vezes com mais atrativos - recursos e linguagem - que que facilitam a uma melhor compreensão do conteúdo abordado.

     Diante desse contexto, ressignificar resulta em reconhecer o processo pedagógico com algo dinâmico, onde não somente os conteúdos, mas também as práticas pedagógicas podem ganhar um novo sentido e serem reinventadas, por meio da adequação, da contextualização, da aplicabilidade e da linguagem clara e precisa. Agindo assim, a educação ensinada na escola será útil não somente para que o aluno passe no vestibular ou para ele possa passar de ano, mas para que ele possa viver melhor e buscar soluções para os problemas que o afligem no cotidiano.

     A ressignificação além de favorecer à compreensão do conteúdo, estimula para a construção de um ambiente de cooperação entre educador e educando, visto que há empatia entre ambos. Quando essa relação empática é construída, os saberes são respeitados e o ambiente favorece à troca e à busca por soluções.

     Face a isso, fica explícito que a compreensão de mundo do educando acontece de maneira eficaz quando os conteúdos utilizados em sala de aula são contextualizados pelo professor, que toma por base uma situação complexa ou problema capaz de remeter à realidade do aluno.

     Portanto, ao ressignificar os conteúdos, o professor demonstra a atemporalidade histórica e a verossimilhança, elevando a capacidade de encontrar respostas para um acontecimento atual a partir de teorias ou fatos passados. Em suma, é através deste confronto de ideias que brotam as motivações e que a consciência participativa se desenvolve, resultando, assim, na construção de um conhecimento capaz de tornar os educandos em sujeitos da ação transformadora que acontece por meio da educação.

Referência Bibliográfica

HENGEMÜHLE, Adelar. Formação de professores: da função de ensinar ao resgate da educação. 3. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014