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A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva

Autor: Márcio Antonio Martins
Data: 21/09/2015

RESUMO

Um dos problemas centrais da sociedade brasileira é a falta de acesso à educação de qualidade. Qualquer aferição comparativa desta a outros países faz com que a posição em que se encontra no ranking mundial, seja vista como vergonhosa. Somado a isso, nos últimos 20 anos, mesmo com uma economia estável, e em crescimento (ainda que aquém de seu potencial) e com um governo democrático (com forte ênfase no social) manobras políticas contribuem para piora deste "sombrio" quadro. Na era do conhecimento, uma sociedade com baixo nível educacional perde em competitividade, que, levada por baixa produtividade de sua força de trabalho, leva as empresas brasileiras a retroagir, a economia, se estagnar e a população deixe de ter oportunidades iguais de ascensão. Experiências positivas de transformação de uma sociedade pela educação existem, a exemplo de países como a Coreia do Sul. A solução não está apenas dentro das escolas, com professores ou nas salas de aulas, mas sob a necessidade de articulação de um Projeto de Nação, que defina quem é e quem almeja ser a população brasileira reconhecida por sua qualidade educacional, através de competências distintas e únicas, como forma de se apresentar ao mundo uma nação em vantagem competitiva. O presente artigo, mostra que é possível fazer esta transformação via educação. Ao governo cabe articular, facilitar, criar condições para que este Projeto torne-se real. À iniciativa privada, o "pensar a longo prazo", e à população, cabe valorizar o trabalho e o esforço individual em prol do coletivo.

Palavras-chave: Educação, sociedade, iniciativa privada, competitividade, Governo, Coreia do Sul, Projeto de Nação


INTRODUÇÃO


A educação para o crescimento de uma nação é fato que não se questiona. "Crescimento" este que vai além do simples estudo sobre o crescimento econômico. A ele inserem-se o também crescimento educacional, da cidadania para o exercício do papel político de cada indivíduo em sua coletividade, da capacidade de inovação de uma sociedade, do pensamento crítico e da criação de oportunidades iguais para todos, imersos em uma sociedade onde a liberdade individual e o respeito às diferenças constituem a base de seu crescimento sustentado.

Porém mesmo com tamanha convergência de opiniões, muitos países não conseguem sair de sua inércia educacional. E o Brasil, como parte desta, é apontado como um dos países de pior resultado na maioria dos índices que medem a qualidade da educação, comparada a outros, "ditos" em desenvolvimento ou desenvolvidos.

Dados do Ministério da Educação (MEC), divulgados recentemente, do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)  mostram que o governo não vem cumprindo com suas próprias metas propostas para esta área, e ainda, está sendo submetido a questionamentos sobre as mesmas: se são realmente desafiadoras, como proposto. Questionamentos que surgem no momento em que se observa superação das mesmas em 2013 para o ciclo inicial do ensino fundamental (de 1° ao 5° ano), mas  abaixo da meta projetada para o ciclo final do ensino fundamental (6° ao 9° ano) e para o ensino médio. Destaque ao ensino particular que apresentou piora de desempenho em relação a seus resultados de 2011. Quais as razões para tal situação?

-  Falta de interesse político e/ou forma de dominação?
- Falta de capacidade de gestão dos agentes públicos, sob a responsabilidade de estabelecer políticas públicas e gerir o sistema?
- Cultura de busca de soluções fáceis e pouca valorização da educação como instrumento de ascensão social?

Seja qual for a razão, a realidade é: às crianças brasileiras, não são oferecidas condições mínimas de igualdade de acesso à educação de qualidade que possa transformar a vida de cada uma delas e, consequentemente, o nível de competitividade da nação. E dentro deste cenário é importante questionar qual tem sido o papel de outros "atores sociais", como as empresas privadas, que necessitam de mão de obra qualificada para elevação técnica e profissional de seus colaboradores, ampliação da cidadania e preparação para relações sociais no trabalho, mas perdem em produtividade ou investem alto em treinamento e desenvolvimento destes.

As empresas, que em um discurso "politicamente correto", afirmam a valorização de sua força de trabalho, se preocupam com o bem estar geral de seus colaboradores, buscando alternativas para garantir acesso à educação de qualidade, saúde, emprego e aprimoramento constante destes em um ambiente desafiador que ofereça oportunidades de crescimento profissional e pessoal; contudo, deveriam atuar de forma mais verdadeira e contundente na solução coletiva do problema.

Experiências com educação corporativa - incluindo universidades - já podem ser vistas como significativas e em ascensão no Brasil, tornando-se claro o papel da iniciativa privada: cada vez mais reconhecido e fundamental na educação brasileira.

O propósito deste artigo é traçar o panorama geral, e não necessariamente completo, das experiências brasileiras com universidades corporativas, além de eventuais experiências de integração público-privada na educação; bem como o enfoque dado à experiência, aparentemente bem sucedida, da Coreia do Sul no que diz respeito à sua participação junto à iniciativa privada local para definição de prioridades e investimentos em termos de políticas públicas de educação.
 
Almeja-se que este artigo ofereça reflexões sobre o tema e desperte os "atores sociais" envolvidos para uma ação mais efetiva visando oferecer uma educação de qualidade acessível a todos os brasileiros.

Para a elaboração deste artigo e análise dos aspectos supracitados, foram realizados estudos bibiográficos, visando melhor compreensão da situação da educação no Brasil, no contexto político e econômico atual, bem como estudos acerca do nível de engajamento da iniciativa privada para este enfoque; além da apresentação de experiências de outros países, com foco na Coreia do Sul, que pudesse abrir portas à reflexão sobre uma solução brasileira possível e viável junto à construção de uma sociedade mais justa e competitiva. 

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Como referenciar: "A Empresa e a Escola Integradas para uma Sociedade Mais Justa e Competitiva" em Só Pedagogia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2024. Consultado em 18/04/2024 às 21:29. Disponível na Internet em http://www.pedagogia.com.br/artigos/a_empresa_e_a_escola/